“Arquiteto social”? Mais do que nunca, precisamos de profissionais comprometidos com a sociedade
- sasparqbr
- Apr 30, 2018
- 3 min read

Se você está ativo no mercado, já sabe que o momento não está nada fácil para arquitetos e arquitetas trabalharem – assim como para inúmeras outras profissões. O cenário se mostra caótico e com poucas expectativas de melhora.
O golpe de 2016 logrou sucesso e, não bastasse a crise de legitimidade e de ética, a economia brasileira está em frangalhos. Há uma forte retração da atividade econômica (com destaque para o setor da construção civil, que afeta diretamente a nossa categoria), aumento do desemprego (chegando ao número alarmante de 13,1 milhões de “desempregados oficiais”, segundo o IBGE) e queda na renda das famílias.
A lógica desse “desmonte” é evidente: Michel Temer foi colocado no Palácio do Planalto não para moralizar, mas para implantar o projeto entreguista derrotado nas últimas quatro eleições presidenciais - não foi à toa que se juntou com a oposição daquele momento. Isso significa a total redução do papel do Estado no desenvolvimento econômico e social e políticas recessivas que nunca tiveram eficácia na resolução de crises. O cenário parece ser o de “terra arrasada”: foi aprovada a “Reforma Trabalhista” para precarizar os históricos direitos conquistados pelos trabalhadores (e isso significa o desmantelamento de sindicatos como o SASP, terceirização e flexibilização de inúmeras garantias do trabalhador); os investimentos em saúde e educação foram congelados por 20 anos; o nosso Pré-Sal foi dado de “bandeja” para corporações internacionais (deixando de arrecadar importantes recursos para o desenvolvimento do país) e o governo segue com o plano neoliberal de aplicar políticas contra o patrimônio nacional e o povo como, por exemplo, a Reforma da Previdência e a privatização da Eletrobrás. Além disso, a crise fiscal no governo federal e nos estados, com sérios riscos de paralisação de serviços públicos e não pagamento de salários dos servidores públicos, tem potencial para a deflagração de revoltas em todo o país.
Ou seja, vivemos uma crise econômica, desemprego e desesperança da população. O cenário perfeito – como nos ensina a história – para a ascensão do conservadorismo.
É necessário lutar contra essa “maré”. Por isso, o SASP reforça que, mais que nunca, temos a necessidade de incentivar o significado do “arquiteto social”. Isso quer dizer que não podemos nos esquecer que somos agentes de transformação; somos profissionais, claro, com nossas particularidades, mas temos o dever de atuar para mudar os rumos da história. Foi assim com consagrados arquitetos em outros tempos também nebulosos: Oscar Niemeyer, Lina Bo Bardi, João Batista Vilanova Artigas, Sérgio Ferro, Rodrigo Lefèvre, dentre tantos outros. Nosso dever é não ficarmos alheios ao grave cenário que vivemos, atuar sobre as causas maiores da arquitetura e do urbanismo e combater os retrocessos.
Precisamos discutir novas políticas e condutas de atuação que considere não só os projetos e a construção das cidades, mas toda a sociedade e os nossos meios de organização coletiva. É importante que nós, arquitetos e arquitetas, nos envolvamos com ações em movimentos sociais, sindicatos, partidos, associações, cooperativas e outras iniciativas que desenvolvam uma visão plural e aberta das diferentes realidades. Vivemos em um país em que a desigualdade é gritante e a vida dos trabalhadores e trabalhadoras brasileiros foi aviltada. É indispensável tomarmos consciência de nosso papel e por isso o SASP continuará, mais do que nunca, firme no propósito de ser um ambiente de construção de convergências e de ações em prol da relevância social de nossa categoria.
Diretoria do SASP
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