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Homenagem a Joaquim Pinto de Oliveira Tebas, o negro arquiteto do século 18

  • Writer: sasparqbr
    sasparqbr
  • Mar 14, 2018
  • 4 min read

O Sindicato dos Arquitetos no Estado de São Paulo (SASP) realiza, no dia 21 de março, às 19h, uma homenagem ao arquiteto Joaquim Pinto de Oliveira, conhecido como Tebas, um importante arquiteto do século 18.

Tebas viveu a condição de escravizado durante os seus primeiros 57 anos de vida e se tornou um dos mais destacados construtores da época, sendo o responsável pela construção de importantes obras como a torre da primeira Catedral da Sé e o Chafariz da Misericórdia. Além disso, talhou a pedra de fundação do Mosteiro São Bento e ergueu o frontispício da Igreja da Ordem Terceira o Carmo.

O desenho do Chafariz da Misericórdia, executado pelo artista plástico José Wasth Rodrigues (1891-1957), a partir de foto de Augusto Militão de Azevedo, revela a função social dos chafarizes públicos da cidade de São Paulo: ponto de trabalho e encontro do povo, especialmente da população negra

“Em que pese a devastação da memória paulistana promovida a partir do início do século 20, Tebas representa o protagonismo negro na construção da cidade, do estado e do país, seja por meio de suas obras ainda presentes na paisagem urbana – caso das igrejas do Carmo e de São Francisco, bem como do cruzeiro localizado no centro da cidade de Itu –, seja na história da arquitetura e do urbanismo de São Paulo”, destaca o escritor e jornalista Abílio Ferreira, em artigo publicado no site do SASP.

A homenagem contará com a presença de pesquisadores envolvidos no processo do resgate histórico de Tebas. O SASP também o reconhecerá como arquiteto, tornando-o, simbolicamente, parte de seu quadro associativo.

“A sindicalização do Tebas ao SASP vai além do reconhecimento de sua importância material e simbólica para a arquitetura e a história paulistana”, ressalta Maurílio Chiaretti, presidente do SASP. “É reconhecer Tebas como pessoa humana que, com todas as dificuldades de um escravizado, ajudou no desenvolvimento técnico e artístico de importantes obras que vieram a revelar, principalmente, a sua força de luta pela liberdade”.

Durante o evento também será constituído um grupo para realizar estudos e pesquisas sobre esse importante personagem da história brasileira.

Confira os convidados para debater o legado de Tebas:

Carlos Gutierrez Cerqueira. Pesquisador do IPHAN, responsável pela instrução do processo de tombamento da Igreja da Ordem 3ª do Carmo, em São Paulo, autor do livro Resgate - história e arte (2016), que contém os artigos Tebas - vida e atuação na São Paulo colonial e Tebas em Itu

Emma Young. Pesquisadora estadunidense, doutoranda na Universidade de Nova York, autora do artigo Tebas e o Chafariz da Misericórdia - água e vida urbana na São Paulo do século XIX, que será apresentado na conferência Novas Perspectivas em História Ambiental no dia 14 de abril na Universidade de Yale

Maurílio Ribeiro Chiaretti. Presidente do SASP

Ramatis Jacino: professor do Bacharelado em Ciências Econômicas da Universidade Federal do ABC, autor do livro "O branqueamento do trabalho" (Editora Nefertiti, 2008) e do artigo "Tebas e o legado africano na produção da riqueza e na urbanização paulistana", a ser publicado este ano.

Valter Hylario. Responsável pela difusão da existência de Tebas na periferia leste paulistana a partir dos anos 90, delegado participante da 1ª Conferência Municipal de Cultura de São Paulo (2004), em que propôs, e ajudou a aprovar, a criação da Semana Tebas de Ciência, Tecnologia e Educação

Wagner Ribeiro. Jornalista, autor da reportagem intitulada Tebas - o escravo arquiteto do século 18, publicada na edição 50 (abril/2012) da revista Leituras da História

Abilio Ferreira (mediador). Escritor e jornalista, autor do artigo Significado da existência de Joaquim Pinto de Oliveira Tebas - o negro arquiteto do século 18, publicado no site do SASP no dia 22 de fevereiro

Sobre Tebas

Tebas nasceu em 1721, em Santos, litoral sul de São Paulo. Foi escravizado pelo português Bento de Oliveira Lima, célebre mestre de obras da região. Tebas teve os primeiros ensinamentos no ofício de pedreiro com Lima que, depois o levou para a cidade de São Paulo – que, na época, contava com um boom na construção civil - em busca de melhores oportunidades de trabalho.

O fato é que, já na década de 1750, Tebas teve uma ascensão como construtor, sendo o responsável, entre várias outras obras, pelo projeto e pela construção da torre da primeira Catedral da Sé. Morreu em 11 de janeiro de 1811, aos 90 anos, vítima de moléstia de gangrena. Seu velório e sepultamento foi realizado na Igreja de São Gonçalo.

Benedito Lima de Toledo, professor emérito da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAUUSP), em entrevista concedida à revista “Leituras da História” (2012), destacou que Joaquim Pinto de Oliveira soube captar a religiosidade da época e expressá-la de maneira muito pessoal. “Essa expressão da religiosidade é que o transformou em arquiteto e as suas obras em arte, disse Toledo, na ocasião. Pode-se dizer que Tebas foi decisivo para a constituição daquilo que Luís Saia, outro arquiteto de peso, chamou certa vez de período de ‘renovação estilística, ocorrido especialmente nas igrejas na segunda metade do século 18’”, afirma Abílio Ferreira.

O QUE: Homenagem a Tebas, o arquiteto do século 18

QUANDO: 21 de março. 19h

ONDE: Auditório do SASP. Rua Araújo, 216, Piso Intermediário. República, São Paulo.

MAIS INFORMAÇÕES: (11) 3229-7989 / comunicacao@sasp.arq.br

 
 
 

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