SASP apoia a luta do Teatro Oficina pela preservação do Bixiga
- sasparqbr
- Oct 23, 2017
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No último dia 23, segunda-feira pela manhã, em reunião do Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico), os conselheiros aprovaram a construção das torres do grupo Silvio Santos, um empreendimento comercial que vai descaracterizar e gentrificar ainda mais a região do Bixiga, na cidade de São Paulo, cercando o Teatro Oficina - projeto da arquiteta Lina Bo Bardi e Edson Elito. O Oficina tem 15 dias para entrar com recurso da decisão.
O Sindicato dos Arquitetos no Estado de São Paulo (SASP) manifesta seu apoio ao Teatro Oficina que luta, há quase quatro décadas, contra a descaracterização e gentrificação da região do edifício e pela preservação do patrimônio cultural brasileiro. Ao lado do Teatro Brasileiro de Comédia (TBC) e do Teatro de Arena, o Oficina constitui um núcleo central da história do teatro moderno brasileiro – além de ter sido projetado por uma das principais arquitetas brasileiras, Lina Bo Bardi, junto com o arquiteto Edson Elito. Porém, está sofrendo uma grave ameaça do Grupo Silvio Santos, que almeja construir três torres no terreno que envolve o Oficina, lamentavelmente referendada essa manhã pelo Condephaat (órgão que deveria proteger o patrimônio histórico e cultural, e não atuar a mercê dos interesses econômicos). A decisão de hoje vai contra as decisões anteriores do Conselho do Condephaat, que já havia definido, em setembro de 2016, pela não aprovação do projeto de torres no entorno do teatro.
Essa decisão prioriza o interesse particular em detrimento do interesse público, uma anomalia na legislação brasileira que vem prejudicando principalmente as classes de menor renda no país e os grupos e organizações de produção cultural crítica. O prédio do Teatro Oficina já havia sido tombado pelo Condephaat em 1983 e com essa decisão está sendo ameaçado de “destombamento”. Se isso ocorrer, os moradores e produtores culturais da região perderão mais uma parte de sua história e um espaço importante de produção teatral e de acesso à cultura.
A construção dessas torres comprometerá, irremediavelmente, o edifício projetado por Lina Bo Bardi e Edson Elito e o tombado nas três instâncias de governo (municipal, estadual e federal). Além disso, terá um grande impacto sobre a região do Bixiga, comprometendo um patrimônio material e imaterial que consolidou o Teatro Oficina na cena cultural do Brasil e do mundo.
O SASP endossa o parecer de profissionais consagrados da arquitetura, da geografia, da história e da cultura brasileira de que a área do entorno do prédio é fundamental para a preservação tanto de seu valor histórico-teatral como de seu valor arquitetônico e cultural, o que já foi amplamente reconhecido por autoridades mundiais nas áreas da história, do teatro e da arquitetura.

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