top of page
Search

“Nós já estamos na retomada da democracia”, afirma Ermínia Maricato

  • Writer: sasparqbr
    sasparqbr
  • Jun 14, 2016
  • 3 min read

Em debate organizado pelo SASP e que contou também com a presença do geografo André Pasti e do economista Eduardo Fagnani, professora da FAU/SP se mostrou otimista com o futuro político do país, apesar de reconhecer que a luta será dura, e vaticinou: “não é possível manter o Brasil no século XIX”


O Sindicato dos Arquitetos no Estado de São Paulo (SASP) promoveu, em sua sede, no dia 18 de maio, a segunda edição do “Ciclo de Debates Urbanos”. O tema dessa vez foi “Democracia na corda bamba: sem

Temer! Como lutar?” e contou com a presença do geografo André Pasti, membro do coletivo Intervozes, do economista Eduardo Fagnani, professor do Instituto de Economia da Unicamp e da arquiteta e

urbanista Ermínia Maricato, professora da FAU/USP.


Para André Pasti, ao analisar o golpe, disse ser preciso, antes, entender como o monopólio midiático disputa as narrativas. “Só há democracia com pluralidade de ideias circulando, o que não acontece na mídia brasileira. É preciso assumir a democratização da comunicação como tema central”. Segundo ele, a aproximação do governo Lula e Dilma com as grandes mídias não ajudou a conter o golpe – ao contrário, somente conturbou mais a situação política.


O geografo lembrou que pela Constituição é proibida a monopolização da comunicação. “Mas agora temos ministros que são dono de mídia”, lembra. Mesmo assim, ele se diz otimista. “Há algo de positivo: o realinhamento da esquerda e o movimento dos secundaristas está nos ensinando muito. O desafio agora é colocar a pauta acima de qualquer protagonismo. E, além disso, sem colocar a democratização das mídias no centro do debate vai ser difícil colocar qualquer outra pauta”.


Já o economista Eduardo Fagnani explicou que a conjuntura política de hoje requer fazer, ao mesmo tempos, a crítica e o combate. “Há 3 anos falávamos como seria um projeto de Brasil para o século XXI e agora temos que evitar que o Brasil volte para o século XIX”, afirmou ele. “E sabemos que essa estratégia neoliberal de golpe começou a ser aplicada em 2013. As manifestações históricas, esses interesses internacionais, se articularam a partir dali e falaram: vamos desgastar.


Com isso, federalizaram todos os problemas. Mas isso não é novidade, afinal, o capitalismo brasileiro não sabe conviver com a democracia”.


Segundo ele, a direita brasileira espalhou um “terrorismo econômico” ao vender a ideia de que o Brasil está numa crise terminal e, apesar disso, ainda perdeu a eleição. “As elites brasileiras agem da mesma

forma que em 1954, 1961 e 1964. O objetivo do golpe é acabar com o contrato social da democracia. O golpe é uma oportunidade histórica de completar esse ciclo. Dificilmente teria o respaldo popular. Mas

esquecem que a sociedade não é a mesma. Por isso, é necessário ter um Estado Policial. Mas vai ter luta. A sociedade mudou, podemos perder essa batalha, mas a história não termina”.

Ermínia Maricato iniciou sua exposição dizendo que se considera uma pessoa otimista. “A nossa luta não é de curto prazo, mas acho que ela é uma ‘babada’. O Brasil mudou e não é possível manter ele no século XIX”. Segundo ela, no passado recente tivemos políticas públicas virtuosas que mostraram que podemos avançar. “Não podemos deixar morrer a memória do que fizemos. Numa sociedade subdesenvolvida a memória é solapada. E não podemos admitir isso”.


A arquiteta e urbanista também criticou o silêncio da categoria diante dos alguns retrocessos do governo do PT. “No momento em que o Minha Casa, Minha Vida fez aqueles depósitos de gente na periferia, devíamos ter perguntado o que aconteceu para repetirmos um modelo da Ditadura. O que aconteceu para as políticas habitacionais ficarem nas mãos das empreiteiras. Deveríamos ter defendido a arquitetura como produto social necessário”.


Para ela, a resistência ao golpe só se dará com a construção e o fortalecimento de canais de articulação e organização das lutas populares. “Nós temos manifestação em todo o Brasil, mas estamos

fragmentados. A atual geração luta em rede, mas precisamos de canais para desaguar nossas contribuições, como, por exemplo, o SASP. É necessário construir uma unidade na esquerda. Mas não é só com partidos e eleição que vamos tirar o Brasil do atraso. É com militância.

Mas sabendo que é preciso se organizar. Nós precisamos chegar no povo que não esteve nas manifestações de direita nem de esquerda”. E completou: “a longo prazo já ganhamos. Nós já estamos na retomada da democracia”.








 
 
 

Comments


bottom of page