Ari Fernandes lembra resistência estudantil ao acordo MEC/USAID
- sasparqbr
- May 11, 2016
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Convênios realizados pela ditadura militar visavam uma profunda reforma no ensino brasileiro e a implantação do modelo norte-americano nas universidades brasileiras
O Sindicato dos Arquitetos no Estado de São Paulo (SASP) lança o quarto vídeo da série “Arquitetos Contra a Ditadura”. Dessa vez, o arquiteto e urbanista Ari Fernandes, que foi professor da PUCCAMP e,
atualmente, trabalha na SPObras/Saúde, narra o conturbado momento político, marcado por militares na rua e “apreensão generalizada’. “Foi muito ‘bravo’”, conta Fernandes, que militou no movimento
estudantil da FAUUSP. “A gente sentia que tinha um movimento de resistência ao golpe e um dos efeitos que o golpe causou foram dezenas de professores afastados para responder inquéritos dos militares”.
O arquiteto também lembra que, a partir de 1966, o movimento estudantil da USP concentrou suas forças contra um grande retrocesso na educação brasileira: o acordo MEC/USAID. Realizado entre o Ministério da Educação (MEC) e a United States Agency for International Development (USAID), o acordo era constituído por uma série de convênios realizados a partir de 1964, durante o regime militar brasileiro. Os convênios tinham como objetivo uma profunda reforma no ensino brasileiro e a implantação do modelo norte-americano nas universidades brasileiras. A discordância com os acordos MEC/USAID se tornaria na época a principal reivindicação do movimento estudantil, cujas organizações foram em seguida colocadas na clandestinidade.
“Queriam implantar uma universidade totalmente estéril, produtora de mão de obra de alta qualificação”, analisa Fernandes. “Já no começo de 1977 a ditadura baixou a Lei Suplicy, que tornou todas as entidades estudantis ilegais. Nesse ano foi mais violento, a polícia já estava equipada com brucutus, cachorros, multiplicaram a cavalaria e usavam bomba de gás lacrimogêneo. Foi um ano importante, a briga pelo aumento de alunos da FAU ganhou peso”.
Novas histórias
O projeto “Arquitetos Contra a Ditadura” é coletivo e está em busca de novas histórias de arquitetos e urbanistas que, de alguma maneira, lutaram contra a ditadura e ajudaram a construir nossa democracia.
Você também pode contribuir. Se você é arquiteto, parente ou conhece alguém que participou ativamente desse nosso momento histórico ou, então, tem documentos, fotos ou relatos que considera importantes para a memória da luta dos arquitetos e urbanista, envie um e-mail para nós: comunicacao@sasp.arq.br. Você também pode conferir a página do projeto aqui.
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