Encontro Regional de Bauru - questões urbanas
- sasparqbr
- Oct 15, 2014
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Arquitetos de Bauru querem colaborar com o planejamento das cidades
No último sábado (11), foi a vez da cidade de Bauru sediar mais uma edição do Encontro Regional do SASP (Sindicato dos Arquitetos no Estado de São Paulo). Foi um momento especial: essa foi a primeira vez que o sindicato esteve na cidade dialogando com os arquitetos da região. "O principal motivo deste encontro é nos aproximarmos da categoria, apresentar a visão do sindicato e o que nós estamos fazendo. No final desse processo, vamos reunir uma série de informações para nosso encontro estadual em São Paulo entre 31 e 1º de novembro", disse Maurílio Chiaretti, Presidente do SASP, ao abrir o debate. Por se tratar do primeiro contato com o sindicato, os arquitetos da cidade aproveitaram para tirar dúvidas e comentar sobre o perfil do mercado, que tem mudado nos últimos anos. "Antes, a categoria era formada pela classe média que estudava em boas universidades. Hoje, o arquiteto estuda em faculdades privadas, a muito custo. O universo é outro. Eu acho que compreender esse fenômeno é um papel do sindicato. Há um campo vasto na questão urbana, temos muito a fazer e colaborar com as cidades", afirma Nilson Ghirardello, arquiteto e conselheiro do CAU/SP (Conselho de Arquitetura e Urbanismo no Estado de São Paulo). Planos para a cidade Além da apresentação da história do sindicato, foram expostos também alguns dos planos do SASP para Bauru. "Temos a proposta de trazer um advogado para atender às demandas da região: fazer o atendimento e ajudar a fechar contratos. Além de pensar um programa de assistência técnica a partir de cooperativas", ressalta Chiaretti. Foram destacadas também outras ações recentes do sindicato. Entre elas, estão a coleta de informações nas 50 maiores prefeituras do estado, para saber em quais condições trabalham os arquitetos e a campanha salarial na Prefeitura de São Paulo, que levou, pela primeira vez, a uma greve da categoria por melhores condições de trabalho. Preconceito Outro assunto muito debatido foi a visão que os arquitetos têm em relação ao sindicato e ao seu poder de representar os profissionais da categoria. "Existe um certo preconceito em relação ao nosso sindicato, que tem uma característica específica: os representados são tanto empregados quanto empregadores. A falta de representatividade da classe acaba sendo o principal problema. Tínhamos primeiro o CREA (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia), hoje temos o CAU, que ainda está engatinhando, é um momento de transição", pontua o arquiteto Heraldo Francisco da Rocha. E o preconceito não se dá somente com a instituição, mas também com os profissionais que saíram recentemente das faculdades. "Os arquitetos mais antigos têm uma visão diferente. Eu mesmo sou de origem mais pobre e os programas como o Minha Casa Minha Vida têm nos ajudado. Minha vontade é montar uma cooperativa. Poucos arquitetos conseguem exercer a profissão depois de formados. As cooperativas podem ajudar os profissionais a terem espaço para trabalhar, o que pode ser uma saída para os novos arquitetos", afirma o arquiteto Marco Antônio de Pádua. Se a visão sobre o profissional da área está em transformação, a forma de atuação do arquiteto e urbanista também necessita de atualização para se valorizar perante a sociedade. "A gente acaba esbarrando num problema de educação geral. O governo é corrupto e a população também, já que 70% das obras são irregulares. Tem muito serviço pra fazer. É preciso exigir das prefeituras mais fiscalização. A própria lei de zoneamento é arcaica e prevê uma segregação absoluta da cidade, isso já foi provado que não dá certo", sugere Rocha. É justamente essa uma das bandeiras da nova gestão do SASP: a acessibilidade da arquitetura à população de baixa renda. "A principal questão do nosso momento é levar arquitetura pra quem não pode pagar. A população tem direito ao arquiteto público, assim como tem direito a um medico, a um defensor", frisa o presidente do SASP. Receptividade O primeiro contato do sindicato com os profissionais de Bauru foi positivo. "A postura da diretoria é bastante arejada, compromissada junto aos arquitetos. Deu pra entender a importância desse contato mais próximo, de nós profissionais nos valermos do sindicato", afirma a arquiteta Renata de Almeida. O encontro foi tão interessante que os participantes se sentiram estimulados para convidar mais arquitetos num próximo evento. "Foi interessante para sabermos o que faz o sindicato e também repassar a nossa experiência. E quanto mais pessoas participarem, melhor. Em uma próxima oportunidade, com certeza, vou convidar mais colegas", disse a arquiteta Carla Fraquim.
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