Encontro em Piracicaba: idéias coletivas para as cidades
- sasparqbr
- Oct 8, 2014
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Durante encontro em Piracicaba, SASP apresenta a ideia de 'coletivos' para discutir soluções para as cidades
No último sábado (4) foi a vez da cidade de Piracicaba sediar o 4º Encontro Regional do SASP (Sindicato dos Arquitetos no Estado de São Paulo), que faz parte de um conjunto de atividades do sindicato, além de ser uma nova estratégia para união da categoria. O evento aconteceu no Espaço Viveiros, sede do Instituto Ambiental Total, Teiatec e Aldeia Brasil, na zona central da cidade. Foi apresentada a história do sindicato, e expostos os eixos em que a instituição trabalha, além de ações recentes tomadas em defesa da categoria. Mas a ideia desta vez foi também apresentar aos arquitetos no encontro a proposta dos coletivos. "Participamos de encontros de coletivos em Barcelona e Valência, na Espanha. A ideia dessas reuniões é discutir todas as áreas pensando na cidade e na criação de grupos de trabalho dentro de uma rede interessante pode se tornar algo forte. Podemos conectar unidades do CAU, prefeituras, movimentos, pensar em soluções pra cidade", comentou André Blanco, diretor do SASP.
Segundo Blanco, a proposta desse encontro é apresentar a ideia para organizar o evento, que acontece em outubro do ano que vem. "Assim a comunidade se conhece", completou Blanco.
Foi falado também sobre a importância de apresentar para a sociedade o serviço de arquitetura, até então voltado somente para a elite. "Pretendemos dialogar com a comunidade que não tem dinheiro para contratar um serviço de arquitetura. No Brasil, 70% das obras são irregulares. A nossa categoria fica brigando por um mercado restrito, mas queremos que a arquitetura seja acessível a todos, inverter a lógica. Se a moradia é um direito, é preciso de arquitetura e arquiteto", afirmou o presidente do SASP, Maurílio Ribeiro Chiaretti.
A ideia de coletivos despertou interesse dos arquitetos participantes. "Cada um vai ter um olhar sobre a cidade, apresentar suas pautas e suas dificuldades. Cada setor coletivo tem um diagnóstico e só através da conversa que podemos chegar às soluções. Como as cidades podem ter os dados de um modo mais interativo? Nossa ideia é trabalhar com a informação e disponibilizá-la a população", explicou Blanco.
"Ao invés de ficar batendo no governo, vamos ter atitude e articular os diferentes atores dessa cadeia. Nós temos a condição de unir os coletivos no sentido de produzir coisas novas", completou o presidente do SASP.
Entretanto, para a ideia de 'coletivo' se concretizar, é preciso integração e participação da categoria, o que foi uma ponderação comum entre os participantes do evento. "Eu tenho feito algum esforço para puxar mais alguém, o conceito do sindicato está mudando, o arquiteto se enxerga muitas vezes como autônomo, super-homem, e não é bem assim. Precisamos ver a arquitetura por outros ângulos e outros caminhos. As boas ideias virão dessas reuniões", afirmou a arquiteta Kelly Caramelo, que prestigiou o encontro.
Outro tema amplamente discutido foi a não-aderência de profissionais ao sindicato. Isso ocorre, em grande parte, devido a uma conotação pejorativa, no sentido de estar ligado aos partidos de esquerda e ser arcaica. "A gente não vive mais um contexto de estabilidade profissional, pelo contrário, precisamos de um sindicato que enfrente essa realidade de hoje", comentou Chiaretti.
Mas teve quem nunca havia participado de evento do sindicato e desta vez se resolveu se "arriscar". "Recebi o e-mail do sindicato e resolvi vir. Todo grupo que se organiza, passa a ganhar visibilidade, cresce, tira o vertical da zona de conforto. É aí que as coisas acontecem. Acho que se a categoria se organizasse, poderia acabar com esse processo de desvalorização do trabalho", afirmou o arquiteto Guilherme Rodrigues.
Além da discussão sobre a importância de atuação dos coletivos, foram apresentadas também as últimas ações do SASP, entre elas, o aumento de funcionários para atendimento ao público. O número de funcionários passou de um para quatro. Houve também ampliação da assistência jurídica e agora o sindicato conta com quatro profissionais. Outra ação é a campanha salarial na Prefeitura de São Paulo. Essa é a primeira gestão do sindicato que lidera essa luta. Por fim, a instituição está representando profissionais que prestaram concurso e ainda não foram contratados pela Caixa.
A sensação ao final do encontro é de que os profissionais se sentiram estimulados a convidarem mais colegas de profissão para juntar forças. "Eu achei bem interessante, é a primeira vez que participo, pra ver o que as outras pessoas pensam. Então o que eu penso não só comigo, no mundo que eu vivo. Falta mais participação, mas já é um começo", comentou a arquiteta Luciana Mota.
"Fiquei surpreendido pelo fato de não ter ideia de como funciona o sindicato e acabei vendo uma realidade de pessoas que estão procurando soluções para melhorar a vida profissional do arquiteto", finalizou Rodrigues.
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