Saudações a todas as Arquitetas e Urbanistas pelo Dia da Mulher!

Celebramos em 8 de março o Dia Internacional da Mulher. Parece difícil usar a palavra celebração ao lembrar da tragédia marcada por este dia, quando operárias em greve por melhores condições de trabalho, diminuição da carga horária de 16 para 10 horas diárias e salários iguais aos dos homens (que chegavam a ganhar três vezes mais no exercício da mesma função) foram trancadas e queimadas vivas dentro da fábrica têxtil em que trabalhavam em Nova Iorque.

Neste dia prestamos nossas homenagens a essas mulheres e lembramo-nos de nossa própria força para lutar pelos nossos direitos trabalhistas, por nossos direitos como cidadãs, por nossos direitos como mulheres e nosso papel na sociedade atual.Nosso esforço é para tentar diminuir e, quem sabe um dia terminar, com o preconceito e a desvalorização da mulher, que mesmo com todos os avanços, ainda sofrem com salários baixos, violência masculina, jornada excessiva de trabalho e desvantagens na carreira profissional.

Com este espírito de discussão e busca pela igualdade de direitos entre gêneros o SASP funda o Grupo de Trabalho de Genero e Opressões dentro de sua diretoria e dá boas vindas à cartunista e arquiteta Didi Helène, nova colaboradora do grupo para as publicações mensais.Seremos provocados todo mês pelas charges da Didi, e nosso papel aqui é impedir que o incômodo causado por seus desenhos se perca. A partir de suas observações ácidas queremos ampliar com debate com você, nossx associadx, que se sente vítima de algum tipo de discriminação no ambiente de trabalho apenas por ser quem você é. E dessas discussões incômodas, que vão cutucar feridas abertas desde o início da nossa profissão, vamos pautar nossas lutas trabalhistas em busca de igualdade.

A Arquitetura foi moldada historicamente como uma carreira predominantemente masculina. A construção, o canteiro de obras, a coordenação de projetos e até mesmo o ensino de projeto estiveram associados no imaginário popular como uma função exercida por homens. Mas hoje, segundo o último censo do CAU, em 2012, a porcentagem de arquitetas é de 61% entre os profissionais registrados.

Quando analisamos a situação entre idade e gênero, percebemos um aumento ainda maior na proporção entre profissionais do sexo feminino e do sexo masculino entre os mais novos. Apenas na faixa de profissionais acima de 40 anos é que a proporção entre homens e mulheres se inverte e temos mais homens do que mulheres registradas, enquanto entre os mais novos (de 20 a 25 anos) a proporção é de 2 mulheres para cada homem formado.

Numa contagem rápida considerando a lista de eleitores aptos a votar nas últimas eleições do SASP, éramos 761 filiados, desses, 412 mulheres (54%), refletindo a situação dos profissionais registrados no CAU. No entanto essa relação não se mantém quando consideramos a participação ativa nos eventos do SASP e na própria diretoria. Da nossa diretoria composta por 38 diretores, somos em apenas 7 mulheres.

A nossa realidade é que temos muito mais mulheres na profissão e pouco fazemos por essas trabalhadoras. Mas queremos mudar essa perspectiva! Nossos sindicatos têm negligenciado a situação da mulher arquiteta e urbanista no atual mercado de trabalho, e devemos dar esse passo sem demora.

No entanto, não é apenas a mulher que tem sido negligenciada pelo nosso sindicato, os trabalhadores integrantes de outras minorias também são. Além do espaço da mulher, como estão garantidos os espaços dxs negrxs, dxs grupos indígenas, dxs GLBTs, dxs deficientes, dxs aposentadxs... e você vai dizer: “ah, mas arquitetx não aposenta!” Aposenta sim, e como fica depois que aposenta?

A discussão sobre assédio moral e a garantia dos direitos dos trabalhadores pertencentes a grupos ditos minoritários estava longe de nossas pautas e ações. Mas vamos reverter essa situação com a criação deste espaço para o debate, trazendo à luz essas discussões.

Texto de Laura Reily - Diretora Regional Campinas SASP